sexta-feira, 29 de março de 2013

Livros 9º ano A - Capitães da Areia

É um romance modernista, pertencente a segunda fase do Modernismo no Brasil (1930-1945), também conhecida como Romance de 30 ou fase Neorrealista, cuja narrativa aparece fortemente vinculada às transformações políticas, sociais e econômicas do período. Pela primeira vez na literatura brasileira, um escritor denuncia de maneira planfetária - romântica, e paraxodalmente, socialista e realista - o problema dos menores abandonados e infratores que desafiavam a polícia e a própria sociedade. A abordagem romântica deve-se, exclusivamente, ao fato de o autor minimizar os delitos dos meninos e acentuar os defeitos da sociedade. Nem mesmo a igreja ficou livre da censura do autor. Por outro lado, Jorge Amado traz para a discussão a problemática desses meninos que não tiveram a felicidade de ter uma família ou a felicidade de ser acolhidos pelo  Estado que tinha (e ainda tem) a obrigação de defendê-los de qualquer tipo de marginalização.
Capitães da Areia trata da problemática do menor abandonado e das suas consequências: a violência, a criminalidade, a discriminação e a prostituição. A narrativa inicia-se com uma sequência de Cartas à Redação do Jornal da Tarde - Carta do Secretário do Chefe de Polícia; Carta do doutor Juiz de Menores; Carta de uma Mãe Costureira; Carta do Padre José Pedro; Carta do Diretor do Reformatório - a fim de debater as questões referentes a crianças que viviam do furto e infestavam a cidade. São apresentados, logo em seguida, três capítulos: "Sob a lua num velho trapiche abandonado"; "Noite de grande paz, da grande paz dos seus olhos"; "Canção da Bahia, Canção da Liberdade"..

"Logo que um novato entrava para os Capitães da Areia formava logo uma idéia ruim de Sem-Pernas. Porque ele logo botava um apelido, ria de um gesto, de uma frase do novato.Ridicularizava tudo era dos que mais brigavam.Tinha mesmo uma fama de malvado.Muitos do grupo não gostavam dele, mas aqueles que passavam por cima de tudo e se faziam seus amigos diziam que ele era um "sujeito bom". No mais fundo de seu coração ele tinha pena da desgraça de todos. E rindo, e ridicularizando, era que fugia da sua desgraça. Era como um remédio. No rosto do que rezava ia uma exaltação, qualquer coisa que ao primeiro momento o Sem-Pernas pensou que fosse alegria ou felicidade. Mas fitou o rosto do outro e achou que era uma expressão que não sabia definir. E pensou, contraindo seu rosto pequeno, que talvez por isso ele nunca tenha pensado em rezar, em se voltar para o céu.O que ele queria era fugir da sua angústia, que estrangulava. Mas o Sem-Pernas não compreendia que aquilo pudesse bastar. Ele queria uma coisa imediata, uma coisa que pusesse seu rosto sorridente e alegre, que o livrasse da necessidade de rir de todos e rir de tudo. Que o livrasse também daquela angústia, daquela vontade de chorar que o tomava nas noites de inverno. No bando,não tardou a se destacar porque sabia como ninguém como afetar a dor"

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